Mais negacionismo climático?

Carlos Nobre: Novo impulso ao negacionismo climático?

Cientista alerta: enquanto o agronegócio lidera investidas contra o clima, setor energético tem transição lenta – e extrema direita surfa em fake news. Trump promete exploração de petróleo total, se eleito. No Brasil, Lula deve evitar contradições

por IHU Publicado 14/05/2024 às 17:00

Entrevista a Bernardo Gutiérrez, no Ctxt, com tradução no IHU

Carlos Nobre (São Paulo, 1951) é uma espécie de rockstar nos estudos sobre mudanças climáticas. Poucos meteorologistas têm tantos louros internacionais como ele. Ao longo da sua vida, acumulou cargos relevantes, como chefe do Comitê Científico do Programa Internacional Geosfera Biosfera, conselheiro científico do Painel de Sustentabilidade da ONU, membro do Conselho Científico do Secretariado Geral da ONU ou membro da Royal Society Britânica. Em 2007, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com a equipa do Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas.

Nobre exige mais financiamento dos países ricos para a conservação das florestas tropicais e é inflexível quanto à necessidade de parar a exploração do petróleo. “É impossível evitar um aumento de 1,5 grau da temperatura se continuarmos a explorar as áreas de combustíveis fósseis já exploradas”, afirma. “O crescimento de políticos populistas negacionistas” é uma das suas maiores preocupações.Carlos Nobre coordenou, em 2023, o estudo intitulado “Nova Economia Amazônica” do World Resources Institute Brasil, que comprovou que a Amazônia gera mais valor econômico se permanecer em pé do que se for desmatada. O PIB da região aumentaria 67% com a exploração de produtos da bioeconomia (são plantados preservando a floresta tropical).

A entrevista foi realizada antes das trágicas chuvas no Rio Grande do Sul e finalizada depois delas. As inundações, as mais graves da história, causaram até agora a morte de 148 pessoas e o deslocamento de 540 mil pessoas.

Eis a entrevista:

Qual a relação entre as devastadoras enchentes no Rio Grande do Sul e o aquecimento global?

O aquecimento global está tornando os eventos extremos mais frequentes e provocando a ocorrência de novos eventos em locais sem precedentes. Por que chove mais? Há mais evaporação da água dos oceanos. À medida que a atmosfera é mais quente, ela armazena mais umidade. As fortes chuvas causam secas e ondas de calor em outros lugares. As enchentes no Rio Grande do Sul são causadas pelo bloqueio das ondas. A alta pressão permaneceu no sudeste e centro-oeste do Brasil, e a circulação de nuvens e chuva foi bloqueada.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tem sido muito criticado atualmente porque seu governo vetou políticas ambientais. O que poderia ter sido evitado com políticas ambientais? O que pode ser feito para evitar tragédias futuras?

O Rio Grande do Sul abriga um dos maiores números de negacionistas do Brasil. Em 2019, Leite acertou com a Assembleia Legislativa uma série de medidas que enfraqueceram a proteção ambiental e a biodiversidade, todas com uma visão de expansão total da indústria agrícola. Se as margens dos rios fossem reflorestadas, o solo absorveria mais água. Nem toda a água da chuva iria para o rio, parte ficaria no solo.

Em entrevista recente, você afirmou que uma pessoa nascida na década de 60 experimentará cinco ou seis ondas de calor ao longo da vida. Um bebê nascido em 2020 experimentará trinta ondas de calor. O aquecimento global acelerou mais do que o esperado?

Esse estudo foi feito com dados de 2020. Os dados de 2023 e 2024 batem recordes de ondas de calor. Portanto, um bebê de 2020 enfrentará mais de trinta ondas de calor durante sua vida. A mídia divulga amplamente o impacto das chuvas torrenciais, mas a ciência mostra que o evento climático extremo que causa mais mortes é a onda de calor. A onda de calor de 2007 matou quinze mil pessoas na França e na Espanha, porque muito poucas pessoas tinham ar condicionado. O verão de 2022 matou 65 mil pessoas na Europa, principalmente mulheres com mais de oitenta anos. As cidades sofrem com a chamada ilha de calor urbana, o asfalto absorve muito calor e mantém a temperatura muito elevada, principalmente à noite.

Como explicaria as consequências de um aumento de 1,5 grau na temperatura do planeta até 2050 para alguém no norte do mundo que vê o aquecimento climático como algo distante?

A Europa bateu números recordes de secas e ondas de calor nos últimos anos. Fortes chuvas na Alemanha mataram mais de 100 pessoas. Um megaincêndio devastou a Grécia. Extremos estão a acontecer em todo o mundo e também na Europa. Mesmo que não sejam afetados por furacões, os europeus não podem pensar que estão fora dos extremos.

Qual é a relação entre o desmatamento de florestas tropicais e eventos climáticos extremos?

O desmatamento tem ocorrido mais nas florestas tropicais há muitas décadas. Ele é responsável por uma quantidade relativamente pequena de emissões de gases de efeito estufa, cerca de 12%. Mas no mundo, a queima de combustíveis fósseis contribui com 70% das emissões. Portanto, não podemos dizer que o desmatamento esteja causando alterações climáticas. No Brasil, até 2022, o desmatamento contribuía para 50% das emissões no país.

Deixe-me reformular a pergunta: qual a importância de manter a Amazônia em pé, para conservar a temperatura, a umidade e as chuvas do mundo?

A floresta amazônica recebe em média 2,2 ou 2,3 ​​metros de chuva por ano. Absorve uma grande quantidade de carbono da atmosfera e despeja-o no solo e nas árvores, mais de 150 bilhões de toneladas de carbono. Proteger a Amazônia é essencial para o planeta. A selva é muito eficiente na reciclagem de água. 55% do vapor d’água que vem do Oceano Atlântico retorna ao oceano através do Rio Amazonas. 45% vai pelo ar.

Os famosos rios voadores. Explique como funciona, por favor.

O vapor d’água entra na Amazônia, sobe, condensa, vira água líquida, gota de chuva. 75% da água é reciclada, principalmente graças à transpiração das folhas e à evaporação da água. A água então sobe e sai da floresta tropical para alimentar os sistemas pluviais fora da Amazônia, principalmente no centro-oeste do Brasil, sul da América do Sul, Uruguai, Paraguai e parte da Argentina.

O agronegócio (agricultura extensiva) no Brasil e no sul do continente depende muito dessas chuvas. Por que esse setor é tão negacionista e não entende a importância de manter a Amazônia de pé?

O agronegócio em todo o mundo, incluindo a Espanha, é o setor econômico mais negacionista do mundo. 70% das emissões são provenientes do setor energético. Apostam numa transição energética lenta, mas não são negacionistas.

Tendo tido um presidente negacionista como o Bolsonaro, acho que não ajudou muito…

O crescimento de políticos populistas negacionistas é um risco enorme. Bolsonaro não é o único. Milei é uma negacionista. Trump é um super negacionista. Quando era presidente, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris. Não querem admitir os riscos das alterações climáticas e não querem implementar medidas. Trump já disse que, se vencer, autorizará a exploração de petróleo e gás natural. Durante o governo Bolsonaro, as emissões, o desmatamento e a degradação aumentaram muito. Bolsonaro apareceu em 2021 na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, com garimpeiros ilegais. Deveria ter provocado um processo judicial, porque incentivar a extração mineral em reserva indígena é proibido pela Constituição.

Os povos indígenas do Brasil vivem um momento de máxima visibilidade. Chegou a hora de reconhecê-los como os grandes guardiões da selva e de trabalhar e aprender com eles?

Nunca tivemos o que estamos vivendo nos últimos anos, principalmente a partir de 2023, com o governo Lula, com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças Climáticas), com o ministro Haddad (Economia), lançando a transição ecológica da economia brasileira. Os indígenas nunca tiveram tanta representatividade. O Brasil tem todas as condições para ser um dos líderes mundiais na proteção dos povos indígenas que mantêm os ecossistemas. É um desafio, nada fácil, porque o Congresso defende a continuidade da expansão agrícola em todos os biomas do Brasil.

O governo Lula acredita na ciência, conseguiu reduzir o desmatamento e reconheceu novas reservas indígenas. No entanto, quer continuar a explorar petróleo. Especificamente, abrir novos poços na foz do Rio Amazonas. Não é contraditório?

É impossível evitar um aumento de um grau e meio de temperatura se continuarmos a explorar as áreas de combustíveis fósseis já exploradas. E novas minas de carvão e poços de petróleo e gás natural não fazem sentido. Nem no Brasil nem no resto do mundo. O Brasil tem um enorme potencial em energia renovável, hidrelétrica, eólica e solar. Esses dois estão crescendo muito. O Brasil também poderia avançar rapidamente na eletrificação de veículos.

Após o Acordo de Paris, os países ricos comprometeram-se a financiar parte das medidas necessárias para evitar o aquecimento climático. No entanto, 60% são créditos e não doações. É suficiente ou os países ricos deveriam contribuir mais?

Não chegaram fundos em 2021, 2022, 2023. Este ano, talvez cheguem 100 bilhões de dólares. Além disso, 60% são empréstimos para apoiar a transição energética dos países em desenvolvimento. O mínimo necessário seria de 700 bilhões de dólares. No Egito, em 2022, foi feito um fundo de 800 milhões. É muito pouco para o que é necessário. Os países ricos deveriam investir muito mais.

Por que o financiamento internacional é tão crucial para evitar o “ponto sem retorno” da Amazônia?

Lula defende em seus discursos, com razão, que os países ricos financiem países com florestas tropicais. Na COP28, o Brasil lançou o Projeto Arco de Restauração Florestal, para reflorestar 24 milhões de hectares até 2050. Custa 40 bilhões de dólares. É importante que os ricos ajudem. Também para criar uma infraestrutura sustentável para a Amazônia, transporte, energia. Por outro lado, o Fundo Amazônia do governo obteve uma doação de 14 bilhões de dólares, mas precisamos de 100 bilhões para reflorestar e criar uma nova bioeconomia com os produtos da biodiversidade.

No ano passado você coordenou o relatório Nova Economia da Amazônia do World Resources Institute Brasil (WRI). Se o desmatamento da selva for evitado e a bioeconomia for comprometida, estima-se um aumento de 67% no PIB da região e um saldo positivo de 312 mil empregos na Amazônia brasileira…

Se continuarmos com uma economia tradicional na Amazônia, uma quantidade imensa será desmatada. Além disso, os produtos da biodiversidade gerariam uma economia maior e mais empregos do que a pecuária e a agricultura tradicionais, e não adicionamos créditos de carbono, que poderiam multiplicar por dois ou três o valor da floresta em pé. Além disso, os sistemas agroflorestais (que combinam a exploração de recursos e a floresta em pé) empregam 10 a 20 vezes mais pessoas do que a pecuária ou a soja.

Seu irmão Antônio Donato Nobre, no relatório O Futuro Climático da Amazônia, fala sobre o oceano verde, comparando a selva a um parque tecnológico. Qual a importância de construir narrativas para inventar uma nova história inspiradora e novos imaginários?

É um enorme desafio cultural e filosófico. Se conseguimos demonstrar que a agricultura e a pecuária regenerativas são mais produtivas, mais lucrativas, é um mistério cultural que o setor do agronegócio esteja em negação. O pecuarista quer expandir mais, dominar grandes áreas…

Há esperança?

Os jovens de todo o mundo estão muito mais preocupados com o futuro. A taxa de suicídio entre os jovens tem aumentado, porque eles estão muito preocupados com o futuro do planeta. Eles vão sofrer esse futuro e já estão sofrendo. Temos que trabalhar com eles na universidade, para formar futuros líderes, não só cientistas, mas também líderes empresariais desta nova economia sustentável. Eu sou otimista. Não basta fazer isso em um ano, mas talvez em uma ou duas décadas.

Fonte: https://outraspalavras.net/outrasmidias/carlos-nobre-novo-impulso-ao-negacionismo-climatico/

Extremos climáticos: ‘Não tem mais volta’

Mundo deverá viver era de extremos climáticos: ‘Não tem mais volta’, diz Carlos Nobre

Climatologista é o convidado do BdF Entrevista e explica como cidades podem se preparar para fenômenos meteorológicos

José Eduardo Bernardes – 15 de maio de 2024 às 06:00 – Brasil de Fato

Climatologista explica que o próximo passo é preparar as cidades para eventos extremos. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

As enchentes no Rio Grande do Sul deixaram, até o momento, 149 mortes e afetaram milhões de pessoas em todo o estado. O volume de chuva dos últimos dias, previsto com antecedência por institutos meteorológicos, chegou a 800 milímetros. Rios e lagos transbordaram e invadiram centenas de cidades.

Segundo o climatologista Carlos Nobre, fenômenos como esse serão cada vez mais frequentes. E não são apenas períodos chuvosos, mas também secas rigorosas e ondas de calor contínuas. “Isso tudo que está acontecendo, o recorde de ondas de calor no mundo inteiro e também no Brasil nos últimos anos, são fenômenos extremos, que não só estão acontecendo com mais frequência, mas também os recordes estão sendo batidos praticamente em todo o mundo“, explica.

O cientista, que é um dos mais renomados na área de estudos do clima e do aquecimento global, afirma que essa era de extremos “não tem mais volta”. Mesmo assim, Nobre aponta que é urgente um grande esforço global para a redução imediata das emissões de gases do efeito estufa

Reduzir rapidamente, a jato, as emissões de gases do efeito estufa é absolutamente mandatório. Isso não é uma opção, não é uma escolha. Se nós não conseguirmos rapidamente reduzir as emissões de gases do efeito estufa, nós podemos chegar até 2,5°C [de aumento da temperatura global] em 2050″, diz. “Isso vai tornar muito mais frequentes esses eventos extremos, as ondas de calor, as chuvas, as secas, um enorme impacto em todos os sistemas naturais, enorme impacto na biodiversidade e na nossa própria sobrevivência.”

Nobre é o convidado desta semana no BdF Entrevista. O climatologista explica que o próximo passo é preparar as cidades para eventos extremos. O Rio Grande do Sul, por exemplo, que foi construído às margens de rios e lagos, terá que retirar milhões de pessoas de áreas que, agora, são consideradas de risco e altíssimo risco. 

“Se supunha que nunca os rios iriam subir muito, o que nós já vimos em setembro do ano passado na bacia do Rio Taquari, que subiu mais de 10 metros. E agora, de novo, em alguns lugares, até 20 metros. Então, não há mais como imaginar manter todas essas populações nessas áreas de altíssimo risco”. 

“Aí vem um gigantesco desafio: no Rio Grande do Sul, são centenas e centenas de milhares de pessoas que moram muito próximas do nível dos rios e não há soluções de infraestrutura. Talvez, em Porto Alegre, pensar uma infraestrutura, subir o muro, não deixar mais os portões… porque agora que chegou a 5,33 metros, não há nenhuma possibilidade de que nas próximas décadas não passe de 6 metros. E na maioria dos rios não há como criar essas infraestruturas”, completa Nobre. 

O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) deve lançar um estudo nos próximos meses, que monitorou mais de 1,9 mil municípios em todo o país, onde há registros de pessoas vivendo em áreas de risco. Segundo Nobre, no estudo “esse número certamente vai passar de 12, 15 milhões de brasileiros em áreas de risco e talvez 4 milhões em áreas de altíssimo risco, como esses na beira de todos esses rios que foram super inundados. E ali não podem mais permanecer. As pessoas têm que ser transportadas, mudadas, para lugar seguro”.

Na entrevista, Nobre ainda fala sobre o papel do Brasil na redução das emissões de gases do efeito estufa, a COP 30, que será realizada no Pará, em 2025, entre outros temas. 

 Assista o vídeo em: https://youtu.be/BmAx_alGY9w

Abaixo, confira alguns trechos:

Brasil de Fato: Queria começar nossa conversa falando sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, que são de proporções catastróficas. Nós estamos gravando essa entrevista na quinta-feira, 9 de maio, e até esse momento são 107 mortos e 136 pessoas desaparecidas. Em setembro do ano passado, a cidade já havia passado por um evento também importante, com vítimas e tudo mais. A sensação é de que a distância entre os eventos dessa magnitude têm se aproximado cada vez mais. É isso mesmo? 

Carlos Nobre: Sem dúvida, os eventos climáticos extremos como chuva recessivas, severas, rajadas de vento muito perigosas, secas, ondas de calor, incêndios na vegetação, quebra de safras, tudo isso tem acontecido com mais frequência e também batendo recordes. Por exemplo, na bacia do Rio Taquari, em setembro do ano passado, foi o recorde de inundações da história daquela bacia. 

E agora, semana passada, e continua essa semana, o recorde de inundações e também muitos deslizamentos no estado todo do Rio Grande do Sul, mais de 60% do estado foi afetado. Isso a gente tem visto no mundo inteiro. Em 2023 e 2024 bateram o recorde de seca na Amazônia e agora nesse verão, no Cerrado. Em 2020 foi o recorde de seca no Pantanal. 

Isso tudo que está acontecendo, o recorde de ondas de calor no mundo inteiro e também no Brasil nos últimos anos, são fenômenos extremos, que não só estão acontecendo com mais frequência, mas também os recordes estão sendo batidos praticamente em todo o mundo. 

No caso do Rio Grande do Sul, além de todos os desastres, uma série de regras ambientais foram afrouxadas pelo estado. Qual é o impacto dessas mudanças, mesmo que elas sejam locais? 

Os impactos de não ter muito mais rigor com relação às mudanças climáticas, no sentido de buscar aumentar a resiliência de todas as populações, proteger a biodiversidade e também tornar a agricultura muito mais sustentável, esse é um desafio de todo mundo, muito do Brasil e muito do Rio Grande do Sul, um estado que é super produtor agrícola. 

Várias políticas que estão acontecendo no Brasil estão na direção oposta. Você tem políticas que permitem o aumento do desmatamento, o aumento da degradação, permitem retirar vegetação na beira de rios. Tudo isso está acontecendo, infelizmente, em muitos estados do Brasil. Até mesmo no Congresso, com a legislação federal. 

Nós precisamos tomar muito cuidado e agora, com esses eventos extremos explodindo, nós realmente precisamos mudar a posição dos políticos brasileiros, todos os deputados federais, estaduais, vereadores, senadores, governadores, prefeitos, presidente, todos, para tornar o país muito mais preparado, muito mais resiliente. Esses extremos não têm mais volta. 

O ano passado foi o ano mais quente do registro histórico em 125 mil anos, desde o último período interglacial e esse ano continua tão quente, ou até um pouquinho mais que o ano passado. Os oceanos bateram todos os recordes de temperatura da história, pelo menos até o último período interglacial, nos últimos 125 mil anos. Então não há como imaginar que esses eventos vão deixar de acontecer, ou que vão acontecer com menos frequência. Ao contrário, eles vão acontecer com mais frequência. 

O senhor falou “não tem mais volta” e com isso, o senhor quer dizer que os esforços que a gente vai fazer daqui em diante para tentar mitigar a emissão de gases do efeito estufa, o aquecimento do planeta, eles são só uma rebarba, e a gente vai ter mesmo um clima cada vez mais descompensado daqui em diante? 

Muito cuidado para não pôr uma tremenda ênfase em reduzir o risco presente e futuro. Portanto, reduzir rapidamente, a jato, as emissões de gases do efeito estufa é absolutamente mandatório. Isso não é uma opção, não é uma escolha. Se nós não conseguirmos rapidamente reduzir as emissões de gases do efeito estufa, nós podemos chegar até 2,5°C [de aumento da temperatura global] em 2050. 

Isso vai tornar muito mais frequentes esses eventos extremos, as ondas de calor, as chuvas, as secas, um enorme impacto em todos os sistemas naturais, enorme impacto na biodiversidade e na nossa própria sobrevivência. Não há nenhuma dúvida de que nós não podemos desistir de enfrentar esse que é o maior desafio da humanidade, de não deixar as emissões aumentarem. 

Com as emissões atuais, a gente pode chegar permanentemente a 1,5°C de aumento da temperatura global antes de 2030. Imagina que o Acordo de Paris, que foi muito bem feito, reforçado na COP 26, de 2021, em Glasgow, mostrando: “olha, não podemos deixar o planeta chegar a 2°C, é muito perigoso. Não vamos deixar passar de 1,5°C”, a verdade é que nós já estamos chegando em um 1,5ºC.”

Então, nós temos esse enorme desafio e só quero deixar claro que além de preparar as populações todas do mundo, nós brasileiros, a sermos muito mais adaptados, resilientes a esses evento que já estão acontecendo e vão continuar acontecendo, nós não podemos abrir mão de reduzir as emissões.

Para não passar de 1,5°C, a gente teria que reduzir muito rapidamente as emissões. Quase 50% até 2030, e depois zerar as emissões líquidas antes de 2050, não é uma tarefa fácil. Se a gente pegar o que cada país se comprometeu lá na COP 27, no Egito, em 2022, a gente chegaria em 2050 com 2,4ºC a 2,6°C. 

Agora, na COP 30 em Belém, aqui no Brasil, o Brasil tem uma enorme responsabilidade de mostrar os riscos – porque da COP 27, em 2022, para a COP 30, aqui no Brasil, em 2025, os eventos extremos explodiram no mundo todo. Então, vamos torcer para o Brasil liderar uma grande transformação, para nós reduzirmos rapidamente as emissões em 50% nos próximos anos, e depois zerar as emissões antes de 2050. 

Estava lendo um texto falando sobre as questões geográficas do Rio Grande do Sul e a proximidade das edificações dos rios e do mar. O senhor acha que houve um cálculo errado no momento de pensar a expansão urbana do estado? Quais são os riscos futuros dessa região? 

Olha, essa é uma prática, uma evolução da urbanização em todo o país, em todo o mundo, na verdade, que não levava em consideração o risco das mudanças climáticas devido ao aquecimento global. 

Então, por exemplo, quando houve aquela inundação, em 1941, do Rio Guaíba, a chuva em boa parte do Rio Grande do Sul que subiu para o Rio Guaíba, fez com que o rio subisse muito, uma grande inundação no que era aquela cidade de Porto Alegre, 80 anos atrás. E aí, depois, na década de 1960, 1970, se constrói aquele muro de 6 metros, supostamente para proteger, nunca teria nenhuma inundação acima de 6 metros. 

De fato, essa inundação chegou muito próximo, 5,33 metros, mas ao longo dessas décadas foram construídos aqueles portões porque, se não, você fica com um muro de concreto por quilômetros e quilômetros e quem quiser usar o rio para transportar material tem que andar quilômetros. Então, eles construíram um monte de portões para facilitar o trânsito econômico e comercial ali.

E o que aconteceu dessa vez? Grande parte da inundação ali na beira do Rio Guaíba foi de uma água que conseguiu passar por baixo desses portões. E também, inúmeros municípios do Rio Grande do Sul nasceram e foram construídos do lado de rios muito baixos, na planície de inundação dos rios.

Se supunha que nunca os rios iriam subir muito, o que nós já vimos em setembro do ano passado, a bacia do Rio Taquari subiu mais de 10 metros, e agora, de novo, em alguns lugares, até 20 metros. Então, não há mais como imaginar manter todas essas populações nessas áreas de altíssimo risco. 

Aí vem um gigantesco desafio: no Rio Grande do Sul, são centenas e centenas de milhares de pessoas que moram muito próximas do nível dos rios e não há soluções de infraestrutura. Talvez, em Porto Alegre, pensar uma infraestrutura, subir o muro, não deixar mais os portões… porque agora que chegou a 5,33 metros, não há nenhuma possibilidade de que nas próximas décadas não passe de 6 metros. E na maioria dos rios não há como criar essas infraestruturas. 

O estudo do Cemaden, que vai ser lançado nos próximos meses, para mais de 1,9 mil municípios com imensas áreas de risco, vai gerar pelo menos uns 4 milhões de brasileiros que não podem continuar em área com risco de inundações, enxurradas e deslizamentos. O estudo foi feito em 2019 e considerou poucos municípios no Rio Grande do Sul, e chegou à conclusão que ali teriam 700 mil gaúchos em áreas de risco, um número bem menor em área de altíssimo risco. 

Veja bem, o que aconteceu agora,1,4 milhões de gaúchos em área de altíssimo risco. Agora o novo estudo do Cemaden vai considerar todos esses municípios e esse número certamente vai passar de 12, 15 milhões de brasileiros em áreas de risco e talvez 4 milhões em áreas de altíssimo risco, como esses na beira de todos esses rios que foram super inundados. E ali não podem mais permanecer. As pessoas têm que ser transportadas, mudadas, para lugar seguro. 

E também milhões de brasileiros vivem em áreas de risco de deslizamento em encostas muito íngremes na serra do Rio Grande do Sul, na Serra do Mar, na Serra da Mantiqueira, em grande parte do Brasil. Portanto, o sistema de alerta tem que ser melhorado imensamente para ter sirenes, para ter locais para as pessoas quando elas têm que sair das suas casas, para não ter um deslizamento da encosta, para não ter uma inundação perto de rios. 

Que essas pessoas possam ir para um local que tem alimento, que tem água, que tem medicamentos. Nós temos pouquíssimas cidades no Brasil que tem o sistema de sirenes como a região serrana e a cidade do Rio de Janeiro, em Salvador…são pouquíssimas. Por exemplo, em março teve um dia com mais de 300 milímetros de chuva na região serrana e só quatro pessoas morreram, de uma família que não saiu da sua casa apesar das sirenes tocarem, salvou centenas de pessoas. 

Isso tem que ser generalizado para todo o Brasil. Então, além de talvez retirar milhões de pessoas dessas áreas de risco e altíssimo risco, outras milhões de pessoas têm que ter sistemas de alerta muito avançados. A gente costuma sempre fazer uma comparação com o Japão, um dos países que mais sofrem terremotos do mundo. Os terremotos não são previsíveis, diferente das enchentes. 

No Rio Grande do Sul, foram previstos com dias de antecedência. O Cemaden, lá em setembro, anunciou muitos riscos. Até a defesa civil dessa vez tomou uma ação mais enérgica para ir retirando as pessoas. 

No Japão tem muitos terremotos, e muito sérios. O terremoto não tem previsão, eles só sabem na hora que ele começa. Toda a população japonesa foi super preparada, com sirenes em todos os lugares, educação dos jovens desde o ensino fundamental, todas as pessoas sabem exatamente quando tem um terremoto, para onde ir, para onde correr, para onde ficar, para não morrer. 

Foi o que ajudou agora em Taiwan, por exemplo, que foi um terremoto de proporções gigantes, mas já há cultura no país de se precaver, mesmo os comunicados do governo se não chegam por sirene, são por SMS, no celular, enfim. Vamos ter fazer uma transformação cultural no Brasil, não é? 

Sim, o terremoto não é previsível, as pessoas se salvam a partir do momento que começa o terremoto, com anúncios. No Japão é tudo sirene, além de tudo o que está também eletronicamente, com inteligência artificial, SMS, tudo. Nós precisamos ter esse tipo de sistema em milhares e milhares de cidades brasileiras, em áreas de risco, dentro das cidades.

Edição: Thalita Pires

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2024/05/15/mundo-devera-viver-era-de-extremos-climaticos-nao-tem-mais-volta-diz-carlos-nobre

Vida urbana e as contingências da tríade ambiental: Ar, Clima e Água (palestra/oficina in company)

Uma tríade ambiental em particular está presente no cotidiano dos centros urbanos e é determinante na qualidade de vida das pessoas: ar puro, condições climáticas amenas e a oferta de água potável.

Porém nas últimas décadas estamos convivendo com aumento expressivo da poluição do ar, dos eventos climáticos extremos e da escassez de água.

Na palestra/oficina iremos contextualizar a situação, identificar as causas e efeitos, o que já está sendo feito e o desafios para mitigar esse cenário.

População, empresas e poder público são os principais atores no enfrentamento desse processo.

Palestrante: Carlos Pedro Staudt – Gestor e Professor de Sustentabilidade e Inovação


Solicite mais informações pelo e-mail: pedro.ecosfera21@gmail.com

BLOG Ecosfera 21: https://ecosfera21.wordpress.com/

Gestão Ambiental Contábil Empresarial – ECOaccounts21

Carlos Pedro Staudt – Ecosfera 21

A Ecosfera 21 elaborou um modelo de gestão orientado pela contabilidade ambiental (física, não monetária) e ecoeficiência, o ECOaccounts21. Tem por objetivo oferecer elementos para uma melhor gestão ambiental da empresa, tanto na visualização dos seus ativos e passivos quanto na definição de suas estratégias, além de fortalecer a comunicação e o relacionamento da empresa com os seus stakeholders.

1. Introdução

A Gestão Ambiental é um modelo de administração alinhado com a sustentabilidade, com práticas e métodos administrativos que visam minimizar o impacto socioambiental negativo das atividades de uma empresa além de aperfeiçoar seus processos visando o incremento da ecoeficiência. Para uma boa gestão ambiental faz-se necessários bons indicadores de desempenho para avaliar o presente, planejar e estabelecer estratégias para o futuro próximo e o mais distante.

Tradicionalmente qualidade, preço e prazo apresentados por um fornecedor são os principais critérios considerados pelo cliente quando da compra de um produto ou solicitação de um serviço.

Porém já nos últimos anos os critérios ambientais se tornaram relevantes numa decisão comercial. Essa nova exigência reflete o engajamento e consciência do cliente diante do quadro ambiental local, regional e até global.

É um via de mão dupla, pois o fornecedor também é levado a rever suas práticas, além de ser pressionado pelos clientes, também o é por investidores, acionistas, e pelos próprios consumidores finais, mais conscientes e exigentes.

Nesse sentido o valor de uma empresa ultrapassa o tradicional modelo de balanço contábil que conhecemos. A contabilidade ambiental se torna um imperativo para uma empresa que se pretende apresentar alinhada com os princípios de inovação e sustentabilidade.

A contabilidade ambiental pode ser entendida como sendo o estudo dos ativos e passivos ambientais de uma empresa. Esse estudo é fundamental para um planejamento estratégico mais amplo e arrojado.

O modelo proposto é norteado pela autossuficiência (energia elétrica e água), racionalização do uso dos recursos naturais, minimização da geração de resíduos, efluentes e emissões atmosféricas (resíduos sólidos, efluentes líquidos e gases poluentes) e uso de combustíveis renováveis (CO2) . A ecoeficiência/P+L tem papel de destaque principalmente na atividade industrial (grande consumidora de recursos e geradora de resíduos).

1.1 ECOaccounts21 e a norma ISO 14001

O modelo de gestão ambiental ECOaccounts21, em diversos aspectos, está alinhado com os requisitos da norma ISO 14001 (2015), quando:

Promove a capacitação das lideranças da empresa, a proatividade nas ações de prevenção da poluição, uso sustentável dos recursos, ecoeficiência, e combate às mudanças climáticas; Orienta o desempenho ambiental da empresa por meio de superação de metas, principalmente no campo das emissões atmosféricas (gases poluentes e CO2), e na geração de efluentes e resíduos; Contribui para a estratégia de comunicação da empresa com os seus colaboradores e stakeholders, através de informações claras, objetivas e confiáveis.

2. Contabilidade ambiental física

Para efeito de contabilidade são considerados os principais insumos, subprodutos e resíduos alocados em “Entradas e Saídas de Processos” conforme Fig. 1, a saber: matéria-prima, combustível, energia elétrica, água, resíduos sólidos, emissões de CO2, gases poluentes e efluentes líquidos.

Processo - Entradas e Saídas

Figura 1. Quadro, ilustrativo, indicando os possíveis itens de entrada (insumos) e saída (resíduos) de um processo de fabricação ou prestação de serviço.

A Fig. 2 ilustra de que maneira pode ser apresentada a contabilidade ambiental. Adotou-se uma empresa fictícia do segmento industrial como exemplo. A periodicidade da contabilidade pode ser mensal, entretanto o resultado final deve ser anual. Para empresas prestadoras de serviço não são considerados os itens GP e EL, salvo alguma exceção.

Figura 2. Apresenta um exemplo de contabilidade ambiental, com balanço entre ativos e passivos dos itens ambientais, e os seus respectivos índices de ecoeficiência (demonstrativo contábil).

Figura 3. Selo de Eficiência Ambiental – Aprovado, para Ecoeficiência a partir de 70%

3. Indicadores ambientais

A seguir são descritos os seis indicadores (físicos, não monetários) utilizados na contabilidade para cada uma das contas ambientais (EE, RS, H2O, CO2, GP, EL).

3.1 Indicador 1 – EE Consumo de Energia Elétrica (MWh)

Considera-se toda energia elétrica consumida pela empresa. É um ativo quando gerada a partir de fontes renováveis (eólica, solar, hídrica e biomassa) internamente ou adquirida de terceiros. Para o passivo vale o mesmo conceito porém gerada de fontes não renováveis.

A energia elétrica da rede também é considerado passivo, apesar das fontes renováveis participarem com mais de 80% na sua geração, pois se preconiza a geração distribuída e a autossuficiência. Pode-se considerar até 40% (40 pontos) de consumo de energia elétrica da concessionária como ativo, apenas nos três primeiros anos de contabilidade.

Tabela 1. Ativos, Passivos e Ecoeficiência no consumo da energia elétrica (EE)

3.2 Indicador 2 – RS Geração de Resíduos Sólidos (t)

Resíduos sólidos segregados e encaminhados adequadamente para unidades de triagem, aterro sanitário e aterro industrial conforme o caso:

RST (t) – Resíduos sólidos recicláveis encaminhados para uma central de triagem.

RSC (t) – Resíduos sólidos orgânicos (sobras de vegetais crus) encaminhados para uma central de compostagem.

RSA (t) – Resíduos sólidos não recicláveis encaminhados para um aterro industrial.

RSM (t) – Os rejeitos da mineração são contidos em barragens. Estas devem ser seguras e monitoradas, e apresentar plano de contingência aprovado pela população do entorno.

Tabela 2. Ativos, Passivos e Ecoeficiência/Produção mais limpa (P+L) na geração e destinação dos resíduos sólidos (RS)

3.3 Indicador 3 – H2O Consumo de Água (m3)

A água consumida proveniente da rede de abastecimento e subterrânea são consideradas passivos, já a água de reuso é contabilizado como ativo. Outro ativo é a água de chuva utilizada, e também quando tratada e reutilizada (processos industriais, na rega de jardins e nos sanitários). Pode-se considerar até 40% (40 pontos) de consumo de água da concessionária como ativo, apenas nos três primeiros anos de contabilidade.

Tabela 3. Ativos, Passivos e Ecoeficiência no consumo de água (H2O)

3.4 Indicador 4 – CO2 Volume de Emissão de Gás Carbônico (t)

São considerados ativos na geração de energia térmica (calor para processos industriais) as emissões de gás carbônico oriundas de fontes renováveis (etanol, Biodiesel, biomassa). Já os passivos são as emissões provenientes de fontes não renováveis (gasolina, óleo Diesel e gás natural).

Tabela 4. Ativos, Passivos e Ecoeficiência/Produção mais limpa (P+L) na emissão de gás carbônico (CO2)

3.5 Indicador 5 – GP Volume de Emissão de Gases Poluentes (t)

São ativos os gases poluentes de processos industriais quando coletados, tratados  e devidamente destinados. Contabiliza-se como passivos os gases não coletados e tratados.

Tabela 5. Ativos, Passivos e Ecoeficiência/Produção mais limpa (P+L) na emissão de gases poluentes (GP)

3.6 Indicador 6 – EL Volume de Emissão de Efluentes Líquidos (m3)

Os efluentes líquidos (processos industriais) coletados e tratados se enquadram como ativos. Os passivos se referem aos efluentes líquidos não tratados.

Tabela 6. Ativos, Passivos e Ecoeficiência/Produção mais limpa (P+L) na geração de efluentes líquidos (EL)

4. Balanço Contábil Ambiental (BCA)

Uma vez tabelados os resultados dos indicadores na tabela de contabilidade (ativos e passivos ambientais) pode-se fazer o balanço ambiental. Neste caso em particular o resultado foi BCA = -120. Um resultado negativo e muito ruim para a empresa fictícia usada como exemplo, que já utiliza essa contabilidade há 5 anos.

Tabela 7 - Balanço Ambietal

Tabela 7. Apresenta o balanço contábil ambiental relativo as informações do exemplo dado na  Fig.2. Nesse caso o resultado final é negativo em 120 pontos.

A seguir são apresentados os resultados dos indicadores com as devidas considerações.

4.1 Balanço EE = 0 (50-50)   Consumo anual: 5.000 MWh

A conta ambiental de energia elétrica apresentou um valor nulo no balanço, indicando equilíbrio entre ativo e passivo. Indica que metade do consumo de energia elétrica, 2.500 MWh (50 pontos), foi da geração própria por fontes renováveis e a outra metade do consumo, passivo, foi da rede e/ou da geração próprio por fontes não renováveis.

A energia elétrica fornecida pela rede (sistema interligado nacional) tem alta participação de sistemas renováveis (usinas hidrelétricas, solar FV, eólica e biomassa) em torno de 83%. Porém nesse modelo de contabilidade preza-se a autossuficiência e a geração distribuída. Caso o consumo de energia fosse apenas da rede, não haveria pontuação para os ativos e os passivos somariam 100 pontos.

4.2 Balanço RS = -40 (30-70)  Geração anual: 3.000 t

Os resíduos sólidos são um segregados e destinados corretamente, somaram 30 pontos (900 t). Os 70 pontos do passivo (2.700 t) podem ter sido originados de resíduos recicláveis, e outros (resíduos não recicláveis e orgânicos) que foram encaminhados para um aterro sanitário. Observar a lei nº 12.305 de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

4.3 Balanço H2O = -20 (40-60)  Consumo anual: 200.000 m3

No caso da água temos um ativo com 40 pontos (80.000 m3). Indicando que parte do volume total () consumido, pode ter sido de água coletada de chuva e do reúso de água da rede. O consumo maior (passivo), 60 pontos (120.000 m3), foi de água da rede de abastecimento e também de poços artesianos, por exemplo.

4.4 Balanço CO2 = 40 (70-30)  Emissão anual: 15.000 t

Esse foi o único indicador que apresentou balanço positivo (40 pontos) foi o CO2, indicando que 70% das emissões de CO2 (10.500 t) resultaram da geração de energia térmica por fontes renováveis, como o uso de resídios de madeira para alimentar as caldeiras na geração de vapor. Já a contabilidade do passivo pode ter sido pelo uso de gás natural para aquecimento dos fornos de tratamento térmico.

4.5 Balanço GP = -60 (20-80)  Emissão anual: 5.000 t

A coleta e o tratamento de gases poluentes só é feita para 20% do total (1.000 t) que se dispersa na  atmosfera. Isso é muito grave do ponto de vista da saúde pública e meio ambiente. Existem equipamentos e procedimentos adequados para a retenção e minimização dos poluentes produzidos. Deve-se observar a legislação pertinente sobre o assunto.

4.6 Balanço EL = -40 (30-70)  Produção anual: 20.000 m3

Os efluentes líquidos são parcialmente (30 pontos de ativo) coletados e tratados. Grande parte (14.000 m3) segue para corpos hídricos sem nenhum cuidado. Isso é muito grave do ponto de vista da saúde pública e meio ambiente. Deve-se observar a legislação pertinente sobre o assunto.

5. Balanço Ambiental Ideal e Ecoeficiência 

Uma contabilidade ambiental ideal apresenta um balanço onde os ativos somam 100 pontos por conta ambiental. Essa é a meta a ser alcançada, o norte. Passivo zero pode ser utópico mais é orientador de metas de melhoria contínua.

Pode-se estabelecer metas de ecoeficiência por meio de um trabalho de benchmarking, no qual se conhece o melhor que o mercado apresenta no momento. Essa proposta é apresentada a seguir (item 6). No eixo central (horizontal) da Fig. 2 são apresentados os índices de ecoeficiência da empresa fictícia.

6. Benchmarking ambiental 

Uma vez elaborado o balanço ambiental (BA) tem-se uma boa avaliação da situação ambiental da empresa. A partir daí podem-se definir metas de aumento dos ativos e consequente redução dos passivos por unidade produzida ou serviço prestado. O principal instrumento é o benchmarking.

Por meio de um ranking de benchmarking pode-se se situar a empresa ou avaliar os seus concorrentes. É uma técnica estratégica que tem como objetivo acompanhar processos de empresas de um mesmo segmento de atividade, concorrentes ou não, que se destacam como as melhores práticas administrativas, modelos de gestão e tecnologias direcionadas a área ambiental.

7. Considerações finais

Nos dias de hoje o Brasil ainda enfrenta graves problemas ambientais. O enfrentamento passa pela por uma união do setor empresarial seguida, do poder público e da sociedade civil, a fim de ampliar a discussão da situação e principalmente definir as responsabilidades de cada um neste processo.

Importante afirmar que a maior parte das empresas principalmente as maiores, reservadas as exceções, está cada vez mais agindo com responsabilidade ambiental. Isso se deve a própria exigência do mercado (principalmente o externo), e a conscientização da sociedade.

Dessa maneira a contabilidade ambiental vem ganhando espaço, pois para tratar o paciente é necessário primeiro o diagnóstico. Essa contabilidade integrada a uma boa gestão ambiental irá garantir de maneira geral os avanços da sustentabilidade nas empresas.

Para concluir, ainda se faz necessário uma divulgação mais eficaz dessa ferramenta e dos seus benefícios no meio empresarial.

Referências

ABNT NBR ISO 26000. Diretrizes sobre responsabilidade social, 2010.

Barbieri, José Carlos., Cajazeira, Jorge Emanuel Reis. Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável: da teoria à prática – São Paulo: Saraiva, 2009.

BROWN, Lester R. Eco-Economia: construindo uma economia para a terra. Salvador: UMA. 2003.

__________________ Plano B 4.0 – Mobilização para salvar a civilização. São Paulo: New Content, 2009.

Goldemberg, Jose., Villanueva, Luz Dondero. Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Sao Paulo: Edusp, 2003.

Kruglianskas, Isak., Aligleri, Lilian., Aligleri, Luiz Antonio. Gestão Socioambiental: Responsabilidade e Sustentabilidade do Negócio – São Paulo: Atlas, 2009.

ONU. Avaliação Ecossistêmica do Milênio, 2005.

Philippi Jr., Arlindo., Roméro, Marcelo de Andrade., Collet, Bruna Gilda., Editores. Curso de Gestão Ambiental. Barueri/SP: Manole, 2004.

FIESP / PNUMA. Guia PCS – Produção e Consumo Sustentáveis: Tendências e Oportunidades para o Setor de Negócios,  2016.

Revista Idea Sustentável. Dez Desafios da Gestão Sustentável nas Empresas. Disponível em: https://www.ideiasustentavel.com.br/dez-desafios-da-gestao-sustentavel/ Acesso em junho 2019.

Santos, Adalto de Oliveira & Outros. Contabilidade Ambiental: Um Estudo sobre sua Aplicabilidade em Empresas Brasileiras. Revista Contabilidade & Finanças FIPECAFI (FEA/USP) v.16, n. 27. São Paulo, 2001.

Tribess, Fabiane Zoraia  e Panucci-Filho, Laurindo. Estrutura abrangente da contabilidade da gestão ambiental: Estudo com foco na contabilidade física e monetária. Universidade Estadual do Norte do Paraná,Cornélio Procópio, Brazil, 2013.


A Ecosfera 21 tem o projeto e a proposta na medida certa para a sua empresa

Solicite mais informações pelo e-mail: pedro.ecosfera21@gmail.com

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Relatório Ambiental Empresarial – CO2 e as Mudanças Climáticas

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O ENFRENTAMENTO EMPRESARIAL

O aumento das emissões antrópicas de gases de efeito estufa (GEE), principalmente de gás carbônico (CO2) tem acelerado o processo de aquecimento global e das mudanças climáticas. As emissões são em grande parte resultado da mudança no uso da terra (desmatamento e queimadas) e da queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural) – principalmente nos meios de transporte, na geração de energia, nos processos industriais, na construção civil e nas atividades agrícolas. Os efeitos já são percebidos no nosso cotidiano: nos extremos de calor, tempestades, chuvas intensas e secas prolongadas.

Pode-se minimizar esse processo por meio de algumas ações, como por exemplo a adoção preferencial de fontes renováveis de energia (solar, eólica e biomassa) e a mudança do nosso comportamento frente ao consumo de modo geral (mais racional e responsável).

No relatório ambiental, por meio do inventário de CO2 são quantificadas e diagnosticadas as emissões. A partir daí são elaboradas as propostas de neutralização/compensação e mitigação, e também a pegada de carbono (produto/serviço).

RELATÓRIO AMBIENTAL – CO2: UMA ESTRATÉGIA CLIMÁTICA

1. Inventário – Contabilização e Quantificação das emissões de gases do efeito estufa (GEE) em CO2 equivalente, referente às atividades desenvolvidas pela empresa durante um ano. A partir de um roteiro elaborado pela Ecosfera 21 faz-se o levantamento das informações relativas as fontes de emissões diretas e indiretas.

2. Diagnóstico – Uma vez quantificada as emissões e identificadas as suas fontes e processos pode-se definir as ações de mitigação e compensação (neutralização).

3. Pegada de Carbono – Por meio do inventário pode-se estabelecer a pegada de carbono de um produto ou serviço. Essa informação pode ser útil para o cliente, e para a própria empresa num processo de benchmark, balizando-se com a melhor referência de mercado e para definição de estratégias frente a concorrência.

4. Ação de compensação (neutralização) – Trata-se de uma ação voluntária. O cliente poderá efetuar a compensação das emissões por meio da compra de créditos de carbono (mercado voluntário) ou através de projetos florestais da Fundação SOS Mata Atlântica ou da Iniciativa Verde. Uma vez concluído esse processo o cliente receberá o Certificado Neutro em Cabono fornecido pela Ecosfera 21.

5. Ação de mitigação (redução) – São apresentadas sugestões, estratégias e ações ambientais de redução das emissões de CO2, com destaque para: eficiência energética, materiais e insumos; alternativas de transporte, entre outros.

Principal referência metodológica

O GHG Protocol é a ferramenta de medição mais utilizada mundialmente por empresas e governos na identificação e gerenciamento de suas emissões dos gases de efeito estufa (www.ghgprotocol.org).

Resultados para a empresa

– Fortalecimento da Responsabilidade Socioambiental

– Enfrentamento das mudanças climáticas

– Referência para os clientes, acionistas e demais stakeholders

– Mídia positiva: divulgação da ação através da imprensa, eventos e site.


Empresas atendidas: ABAL (alumínio), SEQTRA e ANR (transporte e logística), SLIIC (gestão logistica), TRANE (climatização), Pharmexx Brasil (saúde), Líder (aviação), Grupo de Mídia SP (publicidade), BRASILPREV (previdência), Paranapanema (cobre e latão), ABTCP (celulose e papel), Bourbon Street (música), entre outras.


Carlos Pedro Staudt: Engenheiro pós-graduado em Gestão Ambiental. Especialista em ESG, Sustentabilidade e Inovação (Ecosfera 21, desde 2006). Professor convidado do SENAC de Campinas/SP e Jundiaí/SP, para cursos de pós-graduação (SGI e GRS).

Áreas de competência profissionalResíduos Sólidos (Lei 12.305), Gestão Ambiental (ISO 14001), Responsabilidade Social (ISO 26000), Mudanças Climáticas: Gestão de Carbono/CO2 (GHG Protocol). 

Obs.: Antes de ingressar profissionalmente na área ambiental/sustentabilidade atuou como engenheiro (produto, materiais, normas, qualidade) nas seguintes empresas, entre 1986 e 2005: Emicol, Kap, Siemens, Magneti Marelli e General Motors.


INVESTIMENTO ESTIMADO (Relatório Ambiental – CO2)

Quantificação das emissões de CO2 (inventário) + Propostas de Mitigação + Encaminhamento para neutralização/compensação

R$ 1.500 a R$ 7.200 (50 a 3.000 colaboradores)


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Vovós pelo clima vencem no tribunal europeu!

Em decisão histórica, idosas suíças vencem processo sobre crise climática

Reprodução/ redes sociais

ClimaInfo, 10 de abril de 2024

Tribunal europeu decidiu que governo suíço violou Direitos Humanos de idosas do país ao não cumprir metas de reduzir emissões para reverter mudanças climáticas.

Numa decisão histórica – a primeira do tipo tomada por uma corte internacional –, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (ECHR, sigla em Inglês) aumentou a pressão judicial sobre os governos para reduzirem as emissões de gases de efeito estufa que agravam as mudanças climáticas. De quebra, abriu precedentes para vereditos semelhantes em outros casos de litigância climática.

O ECHR decidiu na 3ª feira (9/4) a favor de mais de 2.000 mulheres suíças idosas que argumentaram que os esforços do governo de seu país contra a crise climática foram insuficientes para protegê-las de ondas de calor mais frequentes e intensas. As mulheres argumentaram que os eventos climáticos extremos minaram sua saúde e as colocaram em risco de morte.

Com idade média de 73 anos entre seus membros, a associação KlimaSeniorinnen (Mulheres Sênior pela Proteção do Clima) recorreu ao tribunal para pedir o reconhecimento de que são vítimas de violações de Direitos Humanos por conta da falta de políticas adequadas para limitar as consequências do aquecimento global.

O grupo, que ficou conhecido como “Vovós pelo Clima”, segundo a Folha, usou argumentos científicos para justificar a queixa. Diversos trabalhos, incluindo as conclusões do IPCC, indicam que mulheres e pessoas idosas têm maior risco de mortalidade relacionada às ondas de calor, fenômenos que vêm se intensificando com as mudanças climáticas. Além de acusar o governo da Suíça de não fazer o suficiente para assegurar seu direito à vida, o grupo também afirma que teve empecilhos para recorrer à Justiça no país.

Assim, o tribunal decidiu por 16 votos contra 1 que as integrantes da KlimaSeniorinnen estavam sujeitas a uma violação do Artigo 8. E por unanimidade, a uma violação do Artigo 6 – o direito a um julgamento justo no seu país, detalha o Euronews.

O ECHR, que se autodenomina “a consciência da Europa”, concluiu que a Suíça não cumpriu os seus deveres de travar as mudanças climáticas. Também estabeleceu um caminho para as organizações apresentarem novos casos em nome dos requerentes.

Não há direito de recurso ao tribunal, e as decisões são juridicamente vinculativas, informa a CNN. Assim, o veredito suíço expõe todos os 46 membros do Conselho da Europa a casos semelhantes em tribunais nacionais nos quais provavelmente serão condenados, avaliou o Guardian.

Joie Chowdhury, advogada do grupo de campanha do Centro para o Direito Ambiental Internacional (CIEL, sigla em inglês), disse que o julgamento não deixa dúvidas de que a crise climática é uma crise de Direitos Humanos. “Esperamos que esta decisão influencie a ação climática e os litígios climáticos em toda a Europa e muito mais além”, disse.

Apesar da decisão favorável à KlimaSeniorinnen, o ECHR rejeitou o caso de um autarca francês contra a França e o de um grupo de jovens portugueses contra 32 países europeus.

A decisão favorável às idosas suíças no litígio climático foi noticiada por diversos veículos, como CNBCReutersDWFrance24CNNAl JazeeraO Globo e Um só planeta.

Fonte: https://climainfo.org.br/2024/04/10/em-decisao-historica-idosas-suicas-vencem-processo-sobre-crise-climatica/

Campanha: A vida está à deriva no planeta Terra – Ação já!

Introdução

O químico sueco Svante Arrhenius, em 1896, chegava a conclusão de que a recente era industrial baseada na energia do carvão, insumo para as recém inventadas máquinas a vapor, iria contribuir para o aumento do efeito estufa. Poucos anos depois seu compatriota Knut Angstrom, em 1900, concluiu com seus estudos que o CO2 mesmo em pequenas concentrações na atmosfera, tem grande capacidade de reter partes do espectro infravermelho (calor), ou seja, o gás carbônico potencializa o efeito estufa. Ambos não tinham a mínima ideia do que estava por vir.

De lá para cá o conhecimento cientifico avançou muita em diversas áreas. Cabe destacar a ciência do clima, que vem ampliando o conhecimento a respeito do sistema climático e as importantes mudanças do seu padrão por ação antropogênica. Isso se deve ao modelo adotado pela civilização moderna, que tornou a vida e os negócios extremamente dependentes dos combustíveis fósseis, mesmo nos últimos 10 anos quando observamos o ótimo crescimento da oferta de energia de fontes renováveis e limpas (solar, eólica e biomassa).

Texto extraído do artigo: https://ecosfera21.wordpress.com/2020/05/25/a-crise-climatica-e-as-janelas-do-tempo/

Cenários

1. Eventos climáticos

O atual modelo civilizatório ainda é extremamente dependente dos combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural). A queima desses combustíveis contribui diariamente para o lançamento de mais de 100 milhões de toneladas de CO2 (gás carbônico) para a atmosfera. No caso brasileiro o desmatamento e as queimadas na região amazônica são um agravante adicional, emitem CH4 (metano) e CO2 respectivamente, considerados os principais gases de efeito estufa.

O aumento da concentração do CO2 e CH4 na atmosfera, potencializa o efeito estufa. Daí temos o Aquecimento Global, este é responsável pelo aumento da temperatura média do planeta da ordem de 1° grau Celsius nos últimos 150 anos. Mais energia armazenada no planeta, principalmente na atmosfera e nos oceanos.

Esse aumento de energia acabou por desencadear uma acelerada mudança do padrão climático, fenômeno conhecido como Mudanças Climáticas, que provoca o aumento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos.

As grandes cidades com alta densidade demográfica, poucas áreas verdes e muitas edificações de concreto e vias asfaltadas se tormam mais vulneráveis a esses eventos extremos de calor, chuvas concentradas, tempestades e estiagens prolongadas que acentuam a poluição do ar.

2. Poluiçao do ar

O deslocamento das pessoas nas grandes cidades depende muito do uso de automóveis (Gasolina ou Diesel) e do sistema de ônibus a Diesel. Soma-se a isso a geração de eletricidade em usinas termelétricas a carvão mineral em várias cidades asiáticas.

Diferentes gases e partículas resultam da queima desses combustíveis, São eles: Monóxido de carbono, Dióxido de enxofre, Dióxido de nitrogênio, Materiais particulados finos e ultra finos, e Ozônio (CO / SO2 / N2O / MP2,5 / MP10 / O3). Ano após ano tem-se um aumento da concentração destes gases na atmosfera, resultado do crescimento progressivo da frota de carros, motos e ônibus.

Várias doenças e enfermidades são causados pela poluição do ar mesmo quando os poluentes se encontram dentro dos padrões atuais de segurança ocorrem efeitos muito nocivos à saúde.

3. Escassez de água

O modelo civilizatório se caracteriza pelo uso intensivo de água, desperdício, uso sem senso moral (mito da abundância). Poluição difusa de rios, córregos e represas.

O crescimento acentuado dos aglomerados urbanos exige aumento da oferta de água potável, e a situação é agravada quando da ocorrência de estiagens prolongadas.

Uma redução significativa da oferta de água torna a vida mais difícil e perigosa principalmente nas grandes cidades, comprometendo a preparação das refeições, a higiene pessoal, a limpeza doméstica, entre outros.

Enfrentamento/Ações

São muitos os desafios e as responsabilidades (comuns porem diferenciadas) envolvendo a população, os centros de pesquisa, as ONGs, as empresas e o poder público.

Eventos climáticos extremos

– Cidades: defesa civil preparada, gestão hídrica eficiente, arborização (plantio continuado), gerenciamento de áreas vulneráveis, comunicação e orientação de emergências, e educação.

– Comportamento: Uso racional do carro, incentivo ao uso do transporte público. Consumo racional de água e energia elétrica. Inibir o consumismo e valorizar o consumo consciente/responsável.

Poluição do ar

– Medidas emergências (picos de poluição): Restrição de circulação de veículos, gratuidade do transporte público, comunicação efetiva com o público (evitar esforço físico), alerta → unidades de saúde em relação ao sintomas e atendimento emergencial, suspender varrição de calçadas e logradouros públicos, incentivar o abastecimento dos carros  com Etanol.

– Renovação da frota / Mobilidade: Veículos que operam com energia élétrica. Plano de Mobilidade deve propor a melhoria do transporte público e a redução da circulação de carros.

Escassez de água

Recuperação de mananciais, Educação ambiental / Campanhas – Uso racional, Redução de perdas na distribuição, Fiscalização.

População e Empresas engajadas: Uso racional, Captação de água de chuva, Reuso de água.

Captação de água de chuva. Programa de incentivo para que residências e empresas façam a coleta da água da chuva. Esta água pode ter vários fins, porém não é potável.

Reúso de água. Programa de incentivo para se fazer o reuso de água (máquinas de lavar roupa, pias, banho) principalmente em condomínios, e também em processos industriais.

Educação ambiental e fiscalização. Campanha de conscientização do uso racional da água. Uso de redutores de vazão, aeradores em torneiras. Incentivos econômicos para os usuários que reduzirem o consumo.

Distribuição de água mais eficiente. Reduzir as perdas no sistema (vazamentos, por exemplo). Atualmente essas perdas são da ordem de 25% na cidade de São Paulo.

Texto extraído do artigo de Carlos Pedro Staudt: https://ecosfera21.wordpress.com/2019/04/15/a-vida-nas-cidades-e-as-contingencias-da-triade-ambiental/


Considerações

Com todo avanço do conhecimento produzido pela ciência sobre o tema da mudança climática tem-se ainda uma grande parte da população, dos governos e empresas que negam ou minimizam essa realidade. Isso tem raízes no comportamento humano. É uma maneira de defender interesses de ordem pessoal, governamental e corporativa, e também de se proteger da perspectiva de mudanças dos modelos de negócios, hábitos, rotinas e estilos de vida. Isso acontece preferencialmente nos países de alta renda.

A atual civilização tem pela frente uma grande desafio e uma oportunidade ímpar para estabelecer novos valores que promovam o bem-estar humano e equidade social, melhorar a renda e o emprego, eliminar a pobreza. Além de reduzir de maneira significativa os riscos de degradação de ecossistemas.

Por fim, orientar investimentos públicos e privados na geração de energia, de fontes renováveis, livre de emissões de carbono e poluição.

Texto extraído do artigo de Carlos Pedro Staudt: https://ecosfera21.wordpress.com/2020/05/25/a-crise-climatica-e-as-janelas-do-tempo/


“A vida no planeta Terra está sitiada”, diz novo relatório científico

“Entramos num domínio desconhecido no que diz respeito à crise climática”, apontam pesquisadores

Adriana Farias 13 nov 2023

No relatório “O Estado do Clima em 2023: Entrando em Território Desconhecido”, lançado no dia 24 de outubro e assinado por pesquisadores de diversos países, os cientistas afirmam: “A vida no planeta Terra está sitiada.

Estamos agora em um território desconhecido. Durante várias décadas, os cientistas alertaram consistentemente sobre um futuro marcado por condições climáticas extremas devido à escalada das temperaturas globais causada pelas atividades humanas em curso que liberam gases do efeito estufa nocivos à atmosfera”.

Em tom categórico dizem: “Infelizmente, o tempo acabou. Estamos assistindo à manifestação dessas previsões à medida que uma sucessão alarmante e sem precedentes de recordes climáticos são quebrados, provocando o desenrolar de cenas de sofrimento profundamente angustiantes. Estamos entrando num domínio desconhecido no que diz respeito à crise climática, uma situação que ninguém jamais testemunhou na história da humanidade”.

Assista ao vídeo e acesse a íntegra do relatório, em inglês, neste link. https://academic.oup.com/bioscience/advance-article/doi/10.1093/biosci/biad080/7319571?login=false

“Como cientistas, somos cada vez mais solicitados a contar ao público a verdade sobre as crises que enfrentamos, em termos simples e diretos. A verdade é que estamos chocados com a força dos acontecimentos climáticos extremos em 2023. Temos medo do território desconhecido em que agora entramos. As condições vão tornar-se muito angustiantes e potencialmente incontroláveis para grandes regiões do mundo, com o aquecimento de 2,6°C esperado ao longo do século”, declaram os pesquisadores para, em seguida, deixar claro o quanto avisaram sobre as consequências da emergência climática.

“Alertamos sobre o potencial colapso dos sistemas naturais e socioeconômicos num mundo onde enfrentaremos um calor insuportável, fenômenos meteorológicos extremos frequentes, escassez de alimentos e de água doce, aumento do nível do mar, mais doenças emergentes e aumento do mal-estar social e de conflitos geopolíticos. O sofrimento massivo devido às alterações climáticas já está aqui, e já ultrapassamos muitos limites seguros e justos do sistema Terra, colocando em perigo a estabilidade e os sistemas de suporte à vida”.

Concluem com um chamado à ação: “Este é o nosso momento de fazer uma diferença profunda para toda a vida na Terra, e devemos abraçá-lo com coragem e determinação inabaláveis para criar um legado de mudança que resistirá ao teste do tempo”. 

Fonte: https://www.terra.com.br/planeta/opiniao/adriana-farias/a-vida-no-planeta-terra-esta-sitiada-diz-novo-relatorio-cientifico


COP 28 – Dubai (2023)

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Figura COP 28 – Fonte: https://climainfo.org.br/

COP, sigla para Conferência das Partes (do inglês, Conference of the Parties),é um evento anual promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) que reúne representantes de todo o mundo, entre eles, diplomatas, governos e membros da sociedade civil, com o objetivo de discutir e organizar as iniciativas sobre os impactos das mudanças climáticas.

Em novembro de 2023 acontecerá a 28ª edição da Conferência das Partes, a COP28 nos Emirados Árabes Unidos, onde a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) irá se reunir mais uma vez.

A cidade de Dubai, localizada nos Emirados Árabes, será o palco do principal encontro climático do ano: a COP28. Os Emirados Árabes estão presentes na Conferência desde a sua criação em 1971. A COP28 estava prevista para ocorrer de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023.

“A COP28 é uma excelente oportunidade para repensar e reorientar a agenda climática. Juntos, priorizaremos os esforços para acelerar as reduções de emissões por meio de uma transição energética pragmática, reformar o uso da terra e transformar os sistemas alimentares.

Trabalharemos para mobilizar soluções para países vulneráveis, operacionalizar perdas e danos e realizar a Conferência mais inclusiva possível”, disse o Dr. Sultan Ahmed Al Jaber, presidente da COP28

Historicamente, a COP começou em 1995, em Berlim. Ali, foi a primeira grande investida da ONU para incluir o setor privado nas discussões ambientais.

Durante as conferências, algumas iniciativas ambientais relevantes foram criadas, como o Protocolo de Kyoto, para propor metas de contenção das emissões de gases de efeito estufa na COP3; o Fundo Verde do Clima na COP16, para conseguir recursos – principalmente pensando nos países vulneráveis – no apoio de projetos para diminuir as emissões; o Chamamento de Lima para a Ação sobre o Clima na COP20, que é considerado por alguns especialistas como o documento preparatório para o Acordo de Paris; e o Acordo de Paris, durante a COP21, que é uma mobilização global para limitar o aquecimento global em até 1,5ºC.

Fonte: https://exame.com/esg/entenda-o-que-e-cop28-o-proximo-grande-evento-da-agenda-climatica-mundial/


Vigilância digital dos Emirados Árabes preocupa sociedade civil para COP28

ClimaInfo, 21 de novembro de 2023

Anfitrião da COP28, o governo dos Emirados Árabes Unidos é acusado de perseguir defensores dos Direitos Humanos, além de impor vigilância digital agressiva sobre estrangeiros.

Faltando poucos dias para a abertura da Conferência do Clima de Dubai (COP28), o governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) está sendo criticado por conta de ameaças e perseguição à sociedade civil. O alerta mais recente foi dado pela Anistia Internacional, que acusou o país de utilizar métodos de vigilância digital para atacar dissidentes e suprimir a liberdade de expressão.

“A Anistia Internacional teme que os defensores dos Direitos Humanos e outros membros da sociedade civil nos EAU possam ser alvos de spyware, incluindo os participantes da COP28”, apontou Rebecca White, da Anistia.  “Não é segredo que a vigilância digital direcionada tem sido utilizada há muito tempo como arma nos Emirados Árabes para esmagar a dissidência e sufocar a liberdade de expressão”.

Em nota, a Anistia Internacional pediu às autoridades dos EAU que não espionem os participantes da COP28 e que permitam a utilização de aplicativos criptografados, como o Signal, para garantir uma comunicação segura por parte da sociedade civil.

A escolha dos Emirados Árabes para receber a COP28 foi bastante criticada por ativistas climáticos ao longo do ano. Além de ser um dos maiores produtores de petróleo do planeta – e ter designado um executivo petroleiro para comandar a Conferência -, o fato do país ter um histórico duvidoso de Direitos Humanos também incomodou a sociedade civil internacional, que já vem de uma experiência muito ruim no Egito, na COP27, no ano passado. 

Fonte: https://climainfo.org.br/2023/11/20/vigilancia-digital-dos-emirados-arabes-preocupa-sociedade-civil-para-cop28/


COP28: 5 resultados importantes da última conferência climática da ONU

Pesquisadores de universidade da Inglaterra repassam os principais avanços e pontos de atenção após a cúpula que reuniu mais de 10 mil delegados em Dubai

Por *Mark Maslin, Priti Parikh e Simon Chin-Yee | The Conversation

15/12/2023

Sua Excelência Dr. Sultan Al Jaber, residente da COP28, e participantes aplaudem na Abertura Formal em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Sua Excelência Dr. Sultan Al Jaber, residente da COP28, e participantes aplaudem na Abertura Formal em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. — Foto: COP28 / Christopher Pike via Flickr

A última cúpula climática da ONU, a COP28, sempre foi controversa. Ela foi realizada em um Estado cuja economia é altamente dependente de petróleo e gás — os Emirados Árabes Unidos. O presidente da cúpula, Sultan Al Jaber, continua sendo o chefe da Abu Dhabi National Oil Company e declarou recentemente que os Emirados Árabes Unidos dobrariam a produção de petróleo e gás nesta década.

Essa não foi a forte liderança para se afastar dos combustíveis fósseis que muitos esperavam. Mais de 100 mil delegados foram registrados (o dobro de qualquer COP anterior), dos quais mais de 2 mil eram representantes oficiais de empresas de combustíveis fósseis.

Mas a COP28 começou bem, com o anúncio de US$ 400 milhões no primeiro dia para que os países mais vulneráveis pudessem lidar com os desastres climáticos, e só se falava em um novo acordo climático que incluísse a eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis.

Agora que a cúpula terminou e a poeira baixou, examinamos os principais resultados.

1. O fim dos combustíveis fósseis?

Talvez surpreendentemente, essa foi a primeira COP a reconhecer oficialmente que os combustíveis fósseis são a causa principal das mudanças climáticas. E vale lembrar que os combustíveis fósseis só foram mencionados pela primeira vez em um acordo climático internacional em 2021, na COP26 em Glasgow. No entanto, ainda faltava ambição.

A maioria dos países queria uma declaração forte sobre a eliminação gradual ou, no mínimo, a redução gradual dos combustíveis fósseis. Em vez disso, os países concordaram com uma declaração dizendo que devemos “fazer a transição dos combustíveis fósseis nos sistemas de energia, de maneira justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, de modo a atingir o zero líquido até 2050, de acordo com a ciência.”

Essa linguagem — uma “transição” em vez de uma “eliminação” completa — não é tão forte quanto muitos queriam. De acordo com uma declaração feita por Samoa em nome da Aliança de Pequenos Estados Insulares, essas decisões são “um avanço incremental em relação ao status quo“, quando o que é necessário é uma “mudança exponencial” para manter 1,5°C [de aquecimento até o final do século em relação aos níveis pré-industriais].

Em teoria, o acordo anuncia o fim da era dos combustíveis fósseis, mas oferece uma brecha intencional para que países e empresas “reduzam” o uso de combustíveis fósseis por meio da captura e do armazenamento de carbono. Isso justifica a continuidade da queima de petróleo e gás.

2. Perdas e danos

“Perdas e danos” é o termo dado para o financiamento de países em desenvolvimento que sofreram um grande desastre relacionado às mudanças climáticas. Um fundo foi acordado na COP27 em 2022 e os anúncios recentes significam que US$ 700 milhões já foram prometidos.

Embora essa seja uma notícia bem-vinda, é uma gota no oceano em comparação aos US$ 400 bilhões realmente necessários. Também é insignificante em comparação, por exemplo, ao custo estimado de US$ 7 bilhões da construção do local da COP28, a Dubai Expo City.

Ainda não está claro como o fundo funcionará, quais serão os principais fluxos de financiamento ou se a alocação do financiamento será orientada pela comunidade e livre de corrupção. E, apesar da oposição, foi acordado que o Banco Mundial administrará o fundo por uma taxa negociada de 24%, o que significa que um a cada quatro dólares prometidos nunca chegará aos países necessitados.

Portanto, de modo geral, essa cúpula não apresentou resultados em relação ao financiamento climático e essa questão fundamental foi adiada para a COP29, em novembro de 2024.

3. Energia renovável e combustíveis de transição

compromisso assinado por 118 países de triplicar a capacidade de energia renovável e dobrar a taxa global de eficiência energética até 2030 é um passo na direção certa.

Vale a pena observar que o texto do compromisso também reconhece o papel que os “combustíveis de transição” terão na manutenção da segurança energética por enquanto. Isso torna aceitável o uso de gás liquefeito de petróleo, que prejudica o clima.

Não é o ideal, mas nos países em desenvolvimento ainda é uma opção mais saudável e menos poluente para cozinhar e aquecer a casa do que a queima de madeira ou outra biomassa. No entanto, deveria haver um cronograma para o uso desses combustíveis de transição.

Imagem de extração de petróleo em Calle María Jimenez — Foto: Maria Lupan via Unsplash
Imagem de extração de petróleo em Calle María Jimenez — Foto: Maria Lupan via Unsplash

Nos bastidores da COP28, o hidrogênio verde também teve seu momento. Produzido por meio de um processo que divide a água usando eletricidade gerada por energia eólica ou solar, as indústrias se comprometeram a aumentar o combustível de emissões zero derivado de hidrogênio renovável para 11 milhões de toneladas até 2030.

4. Carta de descarbonização de petróleo e gás

Mais de 50 empresas petrolíferas nacionais e internacionais, representando cerca de 40% da produção global, assinaram uma carta de descarbonização. A iniciativa estabelece três objetivos principais: atingir emissões líquidas zero nas operações diretas de cada empresa (em oposição ao uso de seus produtos) até 2050, inclusive, atingir vazamento de metano quase zero na produção de petróleo e gás até 2030 e atingir zero de queima de rotina (queima do excesso de gás) até 2030.

As duas últimas promessas são particularmente importantes, pois o metano é um gás de efeito estufa muito potente (mas de vida curta) e um quarto de todas as emissões de metano produzidas pelo homem provém da produção de petróleo e gás. Portanto, reduzir essas emissões é uma vitória rápida que nos dá tempo.

Mas, novamente, 60% da produção mundial de petróleo e gás não é coberta por essa carta. Essas empresas continuarão a economizar dinheiro com a liberação de metano e a queima de gás natural.

5. Levantamento global — 1,5°C está em risco

O “balanço global”, finalizado na COP28, foi a primeira vez que o regime climático global fez um balanço de como a comunidade internacional reduziu coletivamente suas emissões de gases de efeito estufa desde o Acordo de Paris em 2015.

https://ee7fc6484cc91bbd3d3bc3685b061998.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html

A maior conclusão do balanço nos disse o que já sabíamos: o mundo está muito atrasado e o limite de aquecimento de 1,5°C acordado em Paris está em risco.

Embora a grande conclusão da COP28 seja o fato de os países terem chegado a um acordo que os obriga a abandonar os combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, reconhecer a necessidade de uma redução “profunda e rápida” das emissões, a linguagem fraca está em total desacordo com o balanço global oficial.

E agora? Bem, mais um ano de negociações e pressão para que os países aumentem sua ambição para que o zero líquido possa ser alcançado até 2050 com maior financiamento. A próxima cúpula climática da ONU, a COP29, será no Azerbaijão, outro grande produtor de petróleo e gás com um histórico ruim de direitos humanos e que é fortemente influenciado pela Rússia.

Mas o verdadeiro desafio será forçar os países a aumentar seu compromisso com o corte de emissões para que o limite de 1,5°C não seja perdido.

*Mark Maslin é professor de Ciências Naturais na Universidade College London (UCL); Priti Parikh é professora de Engenharia de Infraestrutura e Desenvolvimento Internacional na UCL; e Simon Chin-Yee é professor de Desenvolvimento Internacional, também na UCL.

Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site The Conversation.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/ciencia/meio-ambiente/noticia/2023/12/cop28-5-resultados-importantes-da-ultima-conferencia-climatica-da-onu.ghtml


ANEXOS

Emissões de CO2





Poluição do Ar


Nove em cada dez pessoas respiram ar contaminado no mundo de acordo com o mais recente relatório da OMS, publicado em 2018. A agência da ONU estima que sete milhões de pessoas morram anualmente em decorrência da má qualidade do ar. E no Brasil? O mesmo levantamento fala em 50 mil mortes por ano, mas alguns pesquisadores acreditam que o número pode ser maior. De acordo com pesquisas do médico patologista Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP, o morador de São Paulo, por exemplo, perde em média um ano e meio de vida por causa da poluição. Viver na capital paulista seria equivalente a fumar quatro cigarros por dia.

As mortes ocorrem principalmente devido à inalação dos gases e à exposição a partículas finas que penetram profundamente nos pulmões e no sistema cardiovascular, podendo causar acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas, câncer de pulmão, doenças pulmonares obstrutivas crônicas e infecções respiratórias, incluindo pneumonia.

Saiba mais em: https://www.wribrasil.org.br/noticias/qual-o-impacto-da-poluicao-do-ar-na-saude

Mais de 11,2 mil pessoas morrem todos os anos no Estado de São Paulo por problemas de saúde agravados pela alta quantidade de poluentes no ar. Os dados são de um levantamento realizado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade.

Só na cidade de São Paulo, de acordo com estudo do instituto feito a pedido do Greenpeace, mais de 3 mil mortes serão causadas neste ano por problemas de saúde agravados especificamente pelas emissões de poluentes da frota de ônibus a diesel. Se os coletivos não forem substituídos por outros com combustíveis renováveis, a estimativa é que sejam 7 mil  mortes em 2050.

Mostrando números sobre os efeitos da poluição na saúde e mortalidade, o instituto quer chamar a atenção para o fato, que, em sua avaliação, é subdimensionado. “Nós médicos, que lidamos com a saúde humana, temos a obrigação de trazer à luz a real dimensão do problema”, disse a médica Evangelina Vormitagg, diretora da entidade.

Índices defasados 

“Os padrões brasileiros de qualidade no ar estão defasados, são de 1990”, alerta ela. Em 2005, a OMS (Organização Mundial da Saúde) fez uma revisão em seus padrões. A emissão de material particulado por dia de acordo com o órgão não deve ultrapassar 25 µg/m³ (microgramas por metro cúbico). A partir de 50 µg/m³ o nível é considerado de emergência, podendo causar danos à saúde.

“No Brasil o nível tolerado é de 150 µg/m³, três vezes o nível de emergência da OMS”, ressalta Evangelista. Em São Paulo, a Cetesb (agência ambiental paulista), desde 2013, por decreto estadual, reduziu esse valor para 120 µg/m³.    

Saiba mais em: https://www.mobilize.org.br/noticias/10522/poluicao-do-ar-mata-11-mil-por-ano-em-sp.html


Escassez de Água



Super onda de calor deve atingir as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste (40ºC a 45ºC) – Nov23

Brasil terá onda de calor incomum e uma das mais intensas da história

METSUL

ClimaInfo, 10 de novembro de 2023

Onda de calor que vai atingir vários estados brasileiros deverá ser extraordinária, com marcas jamais vistas em muitas cidades e que podem superar os 45ºC.

Depois do outubro mais quente da história registrado no planeta, o Brasil volta a viver uma onda de calor. Esta, porém, deve ser atípica e uma das mais intensas já vistas no país. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) já emitiu alerta de perigo para cinco estados – Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo –, que devem registrar temperaturas até 5ºC acima da média registrada. Mas o calor extremo pode ganhar intensidade e atingir outros estados.

A “fervura” atinge o Brasil pelo terceiro mês seguido, e desta vez chega com marcas extremas de temperatura em vários estados e uma alta probabilidade de quebra de recordes históricos. A MetSul projeta temperaturas máximas muito fora do comum, mesmo em cidades habituadas a calor muito intenso, com marcas de 10ºC a 15ºC acima da climatologia histórica em algumas tardes. Com isso, a onda de calor pode ser a mais intensa já registrada no Brasil em valores de temperatura máxima.

Os modelos da Meteored indicam que, até o fim de semana, as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste estarão registrando temperaturas máximas diárias entre 40ºC e 45ºC. As maiores temperaturas são esperadas para a região que compreende os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. 

E não haverá alívio desse “forno” tão cedo. Ainda segundo o Meteored, o calor pode durar mais de uma semana. As previsões indicam a possibilidade de um sistema frontal (frente fria) avançar pelo país causando chuvas e queda de temperaturas somente por volta do dia 20 de novembro.

“Estamos diante de uma onda de calor histórica, em um mês em que normalmente temos a umidade se espalhando de novo sobre o país, com chuvas amplas e volumosas, com radiação solar mais intensa e dias mais longos. Potencialmente teremos recordes mensais para novembro em Palmas, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Rio De Janeiro, Cuiabá e Campo Grande”, explicou no Climatempo o meteorologista Vinícius Lucyrio.

É mudança climática que chama???

O calorão que toma conta do Brasil foi noticiado por g1UOLEstadãoFolhaO GloboCanal Rural e Diário do Nordeste.

Fonte: https://climainfo.org.br/2023/11/10/brasil-tera-onda-de-calor-incomum-e-uma-das-mais-intensas-da-historia/

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Brasil bate sucessivos recordes de consumo de eletricidade por causa do calor extremo

Freepik

ClimaInfo, 16 de novembro de 2023

Por dois dias seguidos, consumo de energia elétrica superou 100 gigawatts no horário de pico; foi a primeira vez que o país bateu tal marca. 

A onda de calor fez o Brasil bater recorde no consumo de eletricidade durante o horário de pico da tarde pelo segundo dia consecutivo. O consumo elétrico nas alturas voltou a provocar alta do preço da energia no mercado atacadista e é visto como um sinal de alerta dos impactos da crise climática no setor.

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a demanda bateu 101.437 megawatts (MW) às 14h24 de 3ª feira (14/11). O número é quase 500 MW acima dos 100.955 MW registrados na segunda (13/11), que já havia superado o recorde anterior, de 97.659 MW, medido em 26 de setembro deste ano, detalha a Folha. Foi a primeira vez na história do sistema elétrico brasileiro que o consumo superou a marca de 100.000 MW.

O aumento na demanda foi registrado em todo o Sistema Interligado Nacional (SIN), informa o g1. O subsistema Sudeste/Centro-Oeste também bateu recorde, atingindo 60 GW às 15h30 de segunda. O patamar anterior era de 57,8 GW, registrado também em 26 de setembro.

A elevação da demanda era esperada pelo ONS diante da previsão de temperaturas elevadas, que ampliam o uso de eletrodomésticos como aparelhos de ar condicionado, ventiladores e o consumo energético de refrigeradores. O órgão disse não ver riscos ao abastecimento, mas a subida do consumo já provocou falhas no fornecimento em São Paulo nos últimos dias, afetando o centro e zona oeste da cidade ao longo do dia, de acordo com o R7.

Com a demanda pressionada, os preços da energia elétrica no mercado de curto prazo podem disparar. Atualmente, o piso regulatório está em cerca de R$ 69 por megawatt-hora (MWh). Mas empresas e especialistas do setor temem que o valor chegue a até R$ 600/MWh em determinadas horas do dia, segundo o UOL. E no futuro, essa conta poderá ser cobrada dos consumidores, no momento do reajuste das tarifas elétricas.

O GloboJovem PanMetSulAgência Brasil e Terra noticiaram o consumo elétrico recorde no país por causa do calor extremo.

Em tempo: Mesmo com os reservatórios hidrelétricos cheios e a expansão das fontes eólica e solar na matriz elétrica, o ONS decidiu despachar algumas termelétricas para suprir a demanda recorde por causa do calor. Com isso, todas as usinas a gás fóssil e a planta a carvão mineral da Eneva, que estavam desligadas desde 2021, foram acionadas pelo operador do sistema, relata o Valor. Obviamente o diretor Financeiro da empresa, Marcelo Habibe, disse que o acionamento das usinas “é uma boa notícia para a companhia”. Só não conta, claro, qual será o impacto no bolso do consumidor. Nem os efeitos dessas plantas a combustíveis fósseis nas emissões e no agravamento da mudança climática – a mesma que está causando o calor extremo no Brasil.

Fonte: https://climainfo.org.br/2023/11/16/brasil-bate-sucessivos-recordes-de-consumo-de-eletricidade-por-causa-do-calor-extremo/

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Ondas de calor: saiba o que significam e o que podemos fazer para amenizar seus efeitos nas cidades

Temperaturas no último fim de semana se aproximaram dos 40°C

26/09/2023

Uma forte e extensa onda de calor tornou as temperaturas de várias cidades brasileiras bem mais altas que a média, entre o fim do inverno e o começo da primavera. No último fim de semana em algumas cidades elas se aproximaram dos 40°C. Por se tratar de uma ameaça à saúde, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta vermelho (de grande perigo) para 11 estados e o Distrito Federal, localizados nas regiões Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste, incluindo as capitais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Onda de calor

As ondas de calor, segundo o IPCC, é um período anormal de alguns dias com temperaturas muito elevadas, com valores máximos diários que ultrapassam as médias observadas, gerando desconfortos e problemas de saúde, os quais variam conforme os países ou regiões. Cada agência ou instituto meteorológico define os seus critérios para a consideração de uma época quente como onda de calor, na maior parte das vezes a partir de um período de pelo menos três dias com temperaturas anormalmente elevadas.

Esse cenário climático continua levando o planeta a recordes de calor e a se aproximar rapidamente do limite de 1,5°C de aumento da temperatura sobre os níveis pré-industriais determinado no Acordo de Paris. O mês de agosto deste ano já foi considerado o mais quente da história, com vários continentes registrando temperaturas recordes, mostra um relatório da Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA, sigla em inglês).

Aquecimento global

O aquecimento global, causado pelas altas emissões dos gases de efeito estufa, tem se mostrado cada dia mais evidente, com alterações de temperaturas mesmo durante o inverno. Para estabilizar o clima, é preciso cessar imediatamente as emissões!

De acordo com o sexto relatório do IPCC (AR6), as temperaturas da Terra subiram de forma relativamente constante por décadas, em perfeita sincronia com o aumento dos gases de efeito estufa. A regra básica é simples: quanto mais emissão de dióxido de carbono, mais calor, e essa relação continuará, segundo consta no relatório.

A importância dos parques e das áreas verdes

Neste final de semana, muitos paulistanos buscaram as sombras e o ar mais fresco nos parques e áreas verdes da cidade. As sombras das árvores foram os locais mais disputados para a prática de piqueniques e para levar as crianças, idosos e os animais, para que pudessem ficar mais confortáveis com tanto calor dentro de casa.

Esse fato aponta para a importância das áreas verdes presentes no município para o desenvolvimento da fauna e da flora, para o aumento da permeabilidade (que apoia a redução de alagamentos e enchentes), a mitigação das temperaturas, além da proteção de nascentes e cursos d’água, o que contribui para a recarga dos aquíferos. Contribuem também para a manutenção da qualidade de vida dos residentes da cidade, ao diminuir efeitos de ilhas de calor urbanas ou da poluição atmosférica, além de favorecer a diminuição de riscos de eventos extremos.

Saiba como se proteger

Os riscos à saúde diante das altas temperaturas são ainda mais potencializados pela baixa umidade, que atingem principalmente as regiões centro-oeste, sudeste e sul. Com esses fatores combinados, é fundamental se proteger para minimizar riscos à saúde.

As altas temperaturas ainda agravam a poluição atmosférica produzida por fontes fixas ou móveis (principalmente indústrias ou veículos movidos por combustíveis fósseis), causadoras potenciais de problemas respiratórios ou cardiovasculares, especialmente em crianças e pessoas idosas.


Hidratação é fundamental

  • Aumente a ingestão de água ou de sucos de frutas naturais, sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede; recém-nascidos, crianças, idosos e pessoas com comorbidade podem não sentir sede, então ofereça-lhes água.
  • Evite bebidas alcoólicas e com elevado teor de açúcar;
  • Faça refeições leves, pouco condimentadas e mais frequentes.


Cuidados coletivos e em casa

  • Se possível, feche cortinas e/ou janelas mais expostas ao calor e facilite a circulação do ar;
  • Se possível, abra as janelas durante a noite;
  • Utilize menos roupas de cama e vista-se com menos roupas ao dormir, sobretudo, em bebês e pessoas acamadas;
  • Informe-se periodicamente sobre o estado de saúde das pessoas que vivem só, idosas ou com dependência, que vivam perto de si e ajude-as a se proteger do calor;
  • Mantenha ambientes úmidos com umidificadores de ar, toalhas molhadas ou baldes de água.


Cuidados com a saúde

  • Mantenha medicamentos abaixo de 25º C na geladeira (ler as instruções de armazenamento na embalagem);
  • Procure aconselhamento médico se sofrer de uma doença crônica, condição médica ou tomar vários medicamentos;
  • Busque ajuda se sentir tonturas, fraqueza, ansiedade ou tiver sede intensa e dor de cabeça;
  • Se sentir algum mal-estar, busque um lugar fresco o mais rápido possível, meça a temperatura do seu corpo e beba um pouco de água ou suco de frutas para reidratar;
  • No período de maior calor, tome banho com água ligeiramente morna. Evite mudanças bruscas de temperatura.

Operação Altas Temperaturas

Considerando esses riscos, e para colocar em prática ações previstas no Plano de Ação Climática da Cidade de São Paulo, a Prefeitura de São Paulo criou a Operação Altas Temperaturas, que é um Plano de Contingência para Situações de Altas Temperaturas, que será mobilizada sempre que os termômetros atingirem 32º C, ou sensação térmica equivalente.

Para conhecer melhor, acesse: https://www.capital.sp.gov.br/noticia/prefeitura-cria-operacao-altas-temperaturas-para-amenizar-impacto-do-calor-nas-pessoas-em-situacao-de-vulnerabilidade-1.

A reportagem contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 (boa saúde e bem-estar) e 13 (combate às alterações climáticas).

Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/noticias/?amp=&p=355026

A cidade de São Paulo não está preparada para o novo padrão do clima

Adaptação: Falta de luz em SP prova que empresas de energia e cidades precisam se preparar para eventos climáticos extremos

São Paulo sem luz

Reprodução vídeo UOL

ClimaInfo, 7 de novembro de 2023

Caos na capital paulista desde a chuva de 6ª feira expõe falhas de gestores públicos frente aos já esperados eventos extremos provocados pelo aquecimento global.

As chuvas torrenciais e os fortes ventos de mais de 100 km/h que atingiram o estado de São Paulo na última 6ª feira (3/11) deixaram sete mortos. Três dias após as tempestades, cerca de 500 mil imóveis na capital paulista continuavam sem energia elétrica, de acordo com a distribuidora Enel, que atende a região metropolitana. E 125 árvores derrubadas ainda precisavam ser removidas.

O caos provocado pelas chuvas na maior cidade do país, onde duas pessoas morreram, expõem apenas algumas das muitas falhas cometidas por gestores públicos frente aos já esperados eventos extremos provocados pelo aquecimento global. A ausência ou ineficiência de tais medidas reflete um problema sistêmico: a falta de adequação das principais leis urbanísticas ao contexto da emergência climática, disseram especialistas à Folha.

A ausência de medidas que efetivamente ajustem a cidade à crise do clima, nos três níveis do marco regulatório – o Plano Diretor, a Lei de Zoneamento e o Código de Obras e Edificações – indicam que a questão não tem sido priorizada. É o que aponta Denise Duarte, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e especialista em adaptação das cidades à mudança climática.

Ainda na gestão do prefeito Bruno Covas, a prefeitura estabeleceu um Plano de Ação Climática, o PanClimaSP. O programa traça um planejamento de mitigação e adaptação a mudanças climáticas para o período entre 2020 e 2050, pactuado com o C40, grupo que reúne grandes cidades ao redor do mundo para discutir o tema. Mas direções apontadas no PanClimaSP, como o aprimoramento do sistema de drenagem com soluções baseadas na natureza, precisariam ser alinhadas com a revisão do Plano Diretor, o que não aconteceu, segundo Duarte.

Não é somente o poder público que deveria ter a adaptação como prioridade. O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (PROAM), Carlos Bocuhy, reforça que os eventos climáticos extremos também precisam entrar no radar de empresas que atuam na distribuição elétrica, como a Enel.

De acordo com o especialista, as companhias se baseiam em séries históricas para definirem suas equipes em momentos de contingência. Entretanto, na nova realidade climática, isso não representa mais uma referência para a construção e manutenção de infraestruturas críticas, explica o Valor.

“A justificativa das empresas em dizer que nunca viram fatos como este não serve mais, pois a questão climática prevê eventos cada vez mais intensos e com maior frequência. Não dá mais para pensar que a série histórica é uma garantia. É preciso que se faça uma reavaliação de todo aparato de infraestrutura que já foi construído pela sociedade, já que isso foi construído com base na série histórica, ou seja, é preciso refazer o limite do risco”, diz o especialista.

Em tempo: Um estudo inédito do Observatório das Metrópoles mostra que, de 2.232 municípios de 11 regiões metropolitanas do país, apenas 12 têm algum tipo de ação voltada à gestão climática, informa o Jornal Hoje. O levantamento destaca a importância do trabalho conjunto entre as cidades para evitar prejuízos causados pelos grandes eventos climáticos, o que raramente acontece no Brasil. “Não há uma política territorial que lide com essas questões em formas de consórcios intermunicipais. A gente ainda não tem uma prática, uma cultura política do governo municipal se articular com seus vizinhos para que essas políticas climáticas possam ser implementadas”, explicou Thêmis Aragão, coordenadora do projeto.

Fonte: https://climainfo.org.br/2023/11/07/adaptacao-falta-de-luz-em-sp-prova-que-empresas-de-energia-e-cidades-precisam-se-preparar-para-eventos-climaticos-extremos/